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Griot / Djeli/ Jali - A enciclopédia viva do Mande

Vamos começar nossos textos a respeito da cultura mandingue, falando de uma das mais importantes (se não a mais importante) funções na cultura Mandingue: o Griot, ou Djéli.


Quem é o Griot? 

Os griots caracterizam uma série de funções importantíssimas na cultura Mandingue, como preservação da história e do conhecimento mandingue atrás da via oral, participações por meio de sua habilidade com as palavras em casamentos, funeirais, iniciações, disseminação da história política e social mandingue, mediação (e muitas vezes resolução) de relações pessoais de diversos tipos. É muito conhecido principalmente por contar histórias, cantando e tocando, ou só por canto. Tem extremo conhecimento musical. Faz parte de uma classificação de profissões muito importantes na cultura mandingue, como os Garanke (que trabalham com couro), os Numu(ferreiros - que falaremos mais adiante), e os Fune ou Fina (religiosos especializados no alcorão). Uma das grandes habilidades de um griot diz respeito também à genealogia, de eles mesmos, e de famílias da aldeia.
A formação de um griot é realizada de forma hereditária, onde um griot é formado após anos e anos de estudo oral. A família que mais mantém a tradição griot é a família KOYATÉ, cujo primeiro griot foi BALLA FASEKE KOUYATÉ, o griot guardião do balafon de Soumauro Kante (sobre esse assunto falaremos também mais adiante).Possui uma memória de poder imensurável, e são verdadeiras "enciclopédias ambulantes". Também existem mulheres griots, chamadas de Djelimusso, que possuem a enorme habilidade do canto e também recitam.





A música dos griots


A música de um griot é feita na forma de canto, ou de discurso, onde se fala sobre genealogias, sabedoria em geral ou história mandingue. Os Griots tocam vários instrumentos, mas geralmente são vistos em suas performances tocando balafon, kora, ou ngoni.



KORA

BALAFON


N'GONI
Geralmente são tocadas melodias muito ricas, enquanto se canta/recita as palavras. As mulheres (Djelimusso) tocam o karignan:



KARIGNAN

Atualmente, os griots saíram de sua região e estão em diversos lugares do mundo, cumprindo sua missão. Em festivais de música, faculdades, ou em quaisquer lugares nos quais sua presença e suas palavras forem solicitadas. A cultura griot adentrou também a música popular, onde sua "forma musical" é usada por artistas contemporâneos, como o excepcional guitarrista Ali Farka Toure. O Griot é uma figura respeitadíssima na cultura mandingue, com sua sabedoria milenar, passada através dos tempos, onde "a palavra possui respiração".






Música Malinké e seus Instrumentos

Malinké


A música que tocamos data de tempos muito antigos, e representa uma cultura e tradição muito forte no Oeste Africano.
Apesar de nossa música representar também outras etnias (como as etnias Sussu e Baga por exemplo), temos como base principal a
música MALINKÉ.
O povo Malinké compreende regiões da Guiné, Mali, Costa do Marfim, Senegal e Burkina Faso. Também é chamado popularmente como Mandingue, ou Mandingo.
A história do povo Malinké compreende várias aspectos e uma história extensa, que estaremos detalhando aqui nos próximos posts, tendo como um de seus principais (ou o principal) personagens, o imperador SUNDIATA KEITA.


INSTRUMENTOS PERCUSSIVOS

Vamos começar a falar sobre os instrumentos percussivos que compõe um naipe tradicional de música Malinké:

DJEMBE



Sendo o principal instrumento desta cultura, possui uma forma de taça, e é feito a partir de um tronco de árvore que é escavado,sendo coberto com pele de cabra, por meio de cordas. Essas cordas que regulam a tensão do instrumento, dando assim a sua afinação.
Este instrumento carrega uma tradição muito forte, mantida até os dias de hoje. Como diz Mamady Keita : "é um instrumento queexpressa alegria, e pode ser tocado a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer ocasião.
Encoraja os trabalhadores na fazenda, fala para mulheres, crianças, adolescentes e idosos, realiza comunicação entre vilas, um instrumento universal."
Muitas histórias, fábulas e mitos giram em torno deste instrumento, como a tradição de se pedir permissão ao espírito da árvore (Lenke)para que a cortasse para fazer o djembe, se se fosse assim permitido, o espírito iria proteger o djembefola (pessoa que toca o djembe) enquanto ele tocasse o instrumento, por exemplo.
Três chocalhos feitos de metal são grudados na extremidade do djembe (chamados de "Sessés"). Eles viram com o ritmo tocado no djembe e também quando tocados com a mão diretamente.
Antigamente, os ferreiros que faziam os instrumentos. Existem cerimônias para a construção de um djembe, desde o processo do corte da árvore até a entrega ao djembefola.



DUNUNS


Feitos também de troncos de árvore escavada, possuem forma cilíndrica e tem os dois lados cobertos com peles de vaca (pele batedeira
e de resposta).São normalmente tocados na forma horizontal (mas podem ser tocados em forma vertical também), sendo atingidos
por baquetas.
A outra mão toca (com uma baqueta de ferro) um sino de metal , chamado de "kenken". No kenken é tocada a condução de todas as "levadas", por isso é muito importante que o músico tenha total controle e habilidade com o kenken. Em algumas regiões o kenken não é usado, mas tradionalmente ele é usado nos 3 dununs, que são chamados DUNUNBA, SANGBAN E KENKENI.

O SANGBAN (afinação média) é o coração do ritmo, ele determina a direção da música.
O Dununba (afinação grave) adiciona o poder e completa o ritmo.
O Kenkeni (afinação aguda) atua como um "relógio", dando total marcação ao ritmo.

Os dununs são tocandos realizando padrões ritmicos que formam uma massa sonora rica, no sentido rítmico também melódico (por conta
de suas afinações diferentes).


Sendo assim o naipe tradicional Malinké é formado por 1 ou 2 DJEMBE SOLOS, e 3 DUNUNS.





3 comentários:

  1. Boa noite irmãs e irmãos!
    Meu nome é Carlos Eduardo e estamos organizando o 4º Kwanzaa na cidade de São Paulo e gostaria de contar com a vossa maravilhosa presença no dia 26/12/2011. Gostaria de saber o valor cobrado e o tempo de duração da apresentação. Meu contato 3895-9182 e 8154-3999.
    Muito axé!
    Carlos

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  2. eu achei as informações desta pagina muito legal.

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  3. Bom dia e parabéns pelo trabalho de vocês, estamos desenvolvendo um seminário de saude da população negra em São Paulo e percebemos em vocês o perfil de nos agenda. Gostaria de mãos informações quanto a possibilidade de participarem, espero que estejam todos bem. Aguardo retorno e forte abraço.

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